Patrick de Gayardon1960-1998
No dia 13/04/1998 o pára-quedismo mundial
perdeu seu maior representante,
à exatamente 19 anos morreu o francês Patrick de Gayardon,
criador do wingsuit utilizado no paraquedismo nos dias atuais.
Além de excelente paraquedista e projetista de macacões
para o esporte,
foi um dos pioneiros e melhores praticantes de skysurf do mundo.
Até a NASA entrou em luto.
Muito mais do que um atleta aplicado,
Patrick era um cientista sério,
cujo tesão maior era servir de cobaia
às invenções saídas de sua mente.
Deve ter sido mais ou menos assim:
primeiro os exercícios físicos,
depois a preparação dos pára-quedas e do macacão alado,
uma espécie de indumentária batmaníaca
capaz de aumentar o tempo de queda livre e fazê-lo voar.
primeiro os exercícios físicos,
depois a preparação dos pára-quedas e do macacão alado,
uma espécie de indumentária batmaníaca
capaz de aumentar o tempo de queda livre e fazê-lo voar.
Em seguida, a decolagem, o salto, a vista de cima,
aquela vista que somente travestido
em homem-pássaro tinha tempo para reparar.
aquela vista que somente travestido
em homem-pássaro tinha tempo para reparar.
Dois minutos depois, levou a mão às costas e acionou o dispositivo
que abre o equipamento de pouso.
Nada.
que abre o equipamento de pouso.
Nada.
Recorreu ao reserva, mas ele embolou no primeiro,
a essa altura aberto a meio pau.
a essa altura aberto a meio pau.
Nos dois segundos em que viu a morte tomando a forma
de uma plantação de bananas que se aproximava,
sentiu raiva de si mesmo:
sem querer, tinha costurado o pára-quedas principal
num aerofólio que adaptara
a sua roupagem poucas horas antes.
de uma plantação de bananas que se aproximava,
sentiu raiva de si mesmo:
sem querer, tinha costurado o pára-quedas principal
num aerofólio que adaptara
a sua roupagem poucas horas antes.
Não viu mais nada: quando se chocou contra o solo,
estava a pelo menos 180 quilômetros por hora.
Agora que Patrick de Gayardon está morto,
é normal que tentem fazer dele um campeão do excesso.
Mas não vai dar para esquecer seus títulos, seus recordes,
e, sobretudo, a invenção que lhe deu fama: o sky surf.
estava a pelo menos 180 quilômetros por hora.
Agora que Patrick de Gayardon está morto,
é normal que tentem fazer dele um campeão do excesso.
Mas não vai dar para esquecer seus títulos, seus recordes,
e, sobretudo, a invenção que lhe deu fama: o sky surf.
Longe de ser um hippie da aventura ou maluco de pedra, o Pelé do pára-quedismo
tinha uma platéia vasta que via nele um pioneiro do mundo moderno.
tinha uma platéia vasta que via nele um pioneiro do mundo moderno.
Além de atleta aplicado, era um estudioso do ar, um técnico do vento
com uma quedinha pela exploração do limite humano.
com uma quedinha pela exploração do limite humano.
Tímido e reservado, sentia repulsa pelo exibicionismo gratuito.
Morreu no Havaí, aos 38 anos como um cientista envenenado pelo experimento.
No sangue
Nascido em Oulins, na vizinhança de Lyon, na França,
Patrick guardava numa fotografia antiga a amostra da infância:
a mãe,
que perdera quando tinha apenas seis anos de idade,
metida num estranhíssimo macacão com asas
e pronta para saltar de um avião.
Patrick guardava numa fotografia antiga a amostra da infância:
a mãe,
que perdera quando tinha apenas seis anos de idade,
metida num estranhíssimo macacão com asas
e pronta para saltar de um avião.
Tal como o filho, era amante do pára-quedismo,
possuía inclusive uma loja de artigos para o esporte
e dada a experimentalismos diversos na modalidade.
possuía inclusive uma loja de artigos para o esporte
e dada a experimentalismos diversos na modalidade.
Criado pela avó, Patrick nunca soube muito dessa paixão
e menos ainda dos resultados daqueles saltos em traje a rigor.
e menos ainda dos resultados daqueles saltos em traje a rigor.
Jurava, até, que a idéia de criar seu próprio macacão alado
tinha vindo de uma outra foto que alguém lhe mostrou em 1994.
tinha vindo de uma outra foto que alguém lhe mostrou em 1994.
Nela, uma espécie de pássaro
que vive nas florestas de Madagascar plainava no ar
auxiliado por membranas flexíveis
que uniam suas partes anteriores e posteriores.
que vive nas florestas de Madagascar plainava no ar
auxiliado por membranas flexíveis
que uniam suas partes anteriores e posteriores.
Patrick se enfiou na mata, estudou o animal,
fez gráficos de seu vôo, analisou sua musculatura.
fez gráficos de seu vôo, analisou sua musculatura.
Dois anos depois, tinha o croqui
de uma coisa que lembrava peças do armário de Elvis.
de uma coisa que lembrava peças do armário de Elvis.
Trocou os laboratórios pelas aulas práticas de corte e costura: experimentou linhas e tecidos,
tirou provas, fez ajustes.
tirou provas, fez ajustes.
Errou várias vezes.
Outras tantas jogou tudo no lixo e começou de novo.
Em outubro de 1996, testou a primeira versão
de seu modelo exclusivo,
com asas que se inflavam sob os braços e entre as pernas,
Patrick conseguia manter o pára-quedas fechado
por mais de dois minutos,
pelo menos o dobro do tempo de queda livre
em um salto convencional a 4 000 metros.
de seu modelo exclusivo,
com asas que se inflavam sob os braços e entre as pernas,
Patrick conseguia manter o pára-quedas fechado
por mais de dois minutos,
pelo menos o dobro do tempo de queda livre
em um salto convencional a 4 000 metros.
Até o final do ano passado,
já havia saltado quinhentas vezes usando a roupa.
Impressionava-se com tudo: pela primeira vez,
debruçava-se sobre o ar,
assistindo ao espetáculo da vista aérea de um ângulo diferente
daquele imposto pela queda vertical.
já havia saltado quinhentas vezes usando a roupa.
Impressionava-se com tudo: pela primeira vez,
debruçava-se sobre o ar,
assistindo ao espetáculo da vista aérea de um ângulo diferente
daquele imposto pela queda vertical.
Sobretudo, encantava-se com os deslocamentos horizontais, trackings, no jargão internacional do pára-quedismo,
de até 7 quilômetros.
de até 7 quilômetros.
Em suma, estava voando como o Super-Homem.
Até os verdadeiros loucos do pára-quedismo
acham que Patrick Gayardon
tinha um parafuso a menos.
acham que Patrick Gayardon
tinha um parafuso a menos.
Mas não era bem assim.
A preparação física e os estudos técnicos
sempre marcaram suas atuações,
muito mais que as dos outros.
sempre marcaram suas atuações,
muito mais que as dos outros.
Não fosse isso, jamais quebraria um de seus recordes
mais celebrados,
o de altitude em saltos sem oxigênio.
mais celebrados,
o de altitude em saltos sem oxigênio.
Durante vários meses, fez corrida e ciclismo nas montanhas
todos os dias.
Pelas manhãs, pedalava uma bicicleta ergométrica
por duas horas seguidas.
todos os dias.
Pelas manhãs, pedalava uma bicicleta ergométrica
por duas horas seguidas.
Quando atingia os 160 batimentos cardíacos por minuto,
passava a respirar por um tubo de oxigênio
que simulava o ar rarefeito
que encontraria no alto.
passava a respirar por um tubo de oxigênio
que simulava o ar rarefeito
que encontraria no alto.
Em novembro de 1995, 8 quilos mais magro
e vestindo uma roupa cuidadosamente desenvolvida
para a missão, Patrick saltou a mais de 12 700 metros.
e vestindo uma roupa cuidadosamente desenvolvida
para a missão, Patrick saltou a mais de 12 700 metros.
O termômetro marcava 62 graus negativos
quando mergulhou no ar,
atingindo 360 quilômetros por hora,
precisava descer como uma bala
para que chegasse aos 8 000 metros,
onde já é possível respirar.
quando mergulhou no ar,
atingindo 360 quilômetros por hora,
precisava descer como uma bala
para que chegasse aos 8 000 metros,
onde já é possível respirar.
A 3 000 metros do chão, 2 000 antes do normal,
abriu o pára-quedas:
queria um tempo para pensar no quanto havia aprendido
a controlar o próprio medo
desde que se jogara de um avião pela primeira vez, em 1978.
abriu o pára-quedas:
queria um tempo para pensar no quanto havia aprendido
a controlar o próprio medo
desde que se jogara de um avião pela primeira vez, em 1978.
Na ocasião, durante um treinamento do serviço militar francês,
no qual se alistara,
Patrick sentiu-se apavorado, caiu de mau jeito e torceu o pé.
no qual se alistara,
Patrick sentiu-se apavorado, caiu de mau jeito e torceu o pé.
Agora, acabava de pousar numa área a 120 quilômetros de Moscou, na Rússia,
e quem diria: tinha sido perfeito.
e quem diria: tinha sido perfeito.
Nobre rebelde
Patrick era dono de um título raro: filho da realeza francesa,
era conde. Mas nem ligava.
era conde. Mas nem ligava.
Para ele, título mesmo era aquele conquistado no céu,
com o vento lambendo-lhe a cara.
com o vento lambendo-lhe a cara.
Membro ilustre do Sector Sportwatches No Limits Team,
equipe italiana que reúne 22 atletas
dos principais esportes extremos,
foi três vezes campeão mundial de sky surf,
fora a dezena de conquistas regionais.
equipe italiana que reúne 22 atletas
dos principais esportes extremos,
foi três vezes campeão mundial de sky surf,
fora a dezena de conquistas regionais.
Nunca fez dinheiro com competições,
onde é mais fácil faltar recurso para saltar
do que sobrar algum para a festa.
onde é mais fácil faltar recurso para saltar
do que sobrar algum para a festa.
Juntou, sim, um senhor pé-de-meia trabalhando como modelo
para comerciais ou vídeos
que exibiam sua técnica incomum.
para comerciais ou vídeos
que exibiam sua técnica incomum.
Entre um e outro, apareceu em mais de trinta filmes.
Estrelou oito documentários para a televisão francesa
e quatorze para as redes americanas.
e quatorze para as redes americanas.
Uma vez foi alertado por um amigo de que contracenava
com o ator Andy Garcia
no longa “Herói por um Dia”.
com o ator Andy Garcia
no longa “Herói por um Dia”.
Patrick correu até a locadora, pôs a fita para rodar e se viu,
numa passagem, fazendo as estripulias aéreas
que tinham sido filmadas em 1991
para publicidade da marca Reebok.
numa passagem, fazendo as estripulias aéreas
que tinham sido filmadas em 1991
para publicidade da marca Reebok.
Chamou os advogados, acionou a empresa e, em pouco tempo,
embolsou 550 mil dólares, bacharel em Direito desde 1978,
nunca imaginou que a maior bolada de sua vida
seria ganha na Justiça.
embolsou 550 mil dólares, bacharel em Direito desde 1978,
nunca imaginou que a maior bolada de sua vida
seria ganha na Justiça.
“Fiz merda e mereço morrer”
Dono de uma conta corrente que, à imagem de seu sangue,
não saía do azul,
Patrick de Gayardon passou a vida realizando projetos pessoais.
não saía do azul,
Patrick de Gayardon passou a vida realizando projetos pessoais.
Em 1989, ao ver um colega saltar do avião
com uma pequena prancha agarrada aos pés,
por pura diversão, entusiasmou-se.
com uma pequena prancha agarrada aos pés,
por pura diversão, entusiasmou-se.
“Quando pulei, vi que a melhor posição
para ficar em cima da prancha
não era com os pés lado a lado”,
explicou Patrick em sua última entrevista,
concedida quatro dias antes de morrer
ao amigo brasileiro Gui Pádua,
o cameraman mais requisitado pelo francês em seus saltos.
para ficar em cima da prancha
não era com os pés lado a lado”,
explicou Patrick em sua última entrevista,
concedida quatro dias antes de morrer
ao amigo brasileiro Gui Pádua,
o cameraman mais requisitado pelo francês em seus saltos.
“Vi que o ideal era colocar um pé em frente ao outro.”
Assim, percebeu que poderia girar o corpo para trás
ou jogá-lo para a frente.
ou jogá-lo para a frente.
Substituiu a prancha por outra de snowboard,
esporte no qual mandava muitíssimo bem
e aperfeiçoou as manobras.
esporte no qual mandava muitíssimo bem
e aperfeiçoou as manobras.
Acabava de criar o sky surf,
embora, naquele momento, ainda não tivesse a dimensão
do que significaria aquilo tudo.
embora, naquele momento, ainda não tivesse a dimensão
do que significaria aquilo tudo.
“Eu tinha poucos objetivos fixados para o sky surf”,
confessou a Gui Pádua,
“mas tinha, sobretudo, a vontade de tentar algo
que não me parecia impossível
e com o qual eu pudesse me divertir e sobreviver.”
confessou a Gui Pádua,
“mas tinha, sobretudo, a vontade de tentar algo
que não me parecia impossível
e com o qual eu pudesse me divertir e sobreviver.”
Tentar, divertir, sobreviver, essa era a ordem do dia
para Patrick desde que deixara o Exército.
Como que para exorcizar o trauma do primeiro salto,
aquele onde torceu o pé,
tornou-se um demolidor de recordes.
para Patrick desde que deixara o Exército.
Como que para exorcizar o trauma do primeiro salto,
aquele onde torceu o pé,
tornou-se um demolidor de recordes.
Apenas cinco anos depois de vestir um pára-quedas
pela segunda vez, em 1980,
jogou-se de um helicóptero
em direção ao Sótano de las Golondrinas,
uma enorme cratera de 376 metros de profundidade
na Sierra Madre ocidental mexicana.
pela segunda vez, em 1980,
jogou-se de um helicóptero
em direção ao Sótano de las Golondrinas,
uma enorme cratera de 376 metros de profundidade
na Sierra Madre ocidental mexicana.
Depois de acertar a embocadura oval do grande fosso,
foi o primeiro homem a pisar o fundo da caverna.
foi o primeiro homem a pisar o fundo da caverna.
No começo de 1992, em companhia do atleta Frank Konrad,
fez um B.A.S.E. jump
da cascata mais alta do mundo, a de Salto Angel,
na selva amazônica da Venezuela, com 979 metros.
fez um B.A.S.E. jump
da cascata mais alta do mundo, a de Salto Angel,
na selva amazônica da Venezuela, com 979 metros.
Mais incrível que a altura foi o fato de que, para conseguir sucesso,
tiveram de furar a queda dágua
e suportar a turbulência causada pelo fluxo torrencial.
tiveram de furar a queda dágua
e suportar a turbulência causada pelo fluxo torrencial.
Em outubro daquele ano, Patrick bateu pela primeira vez
o recorde de altitude
em saltos sem oxigênio, saltando de 11 690 metros,
marca que superaria em 1 000 metros três anos depois.
o recorde de altitude
em saltos sem oxigênio, saltando de 11 690 metros,
marca que superaria em 1 000 metros três anos depois.
Em abril de 1994, o francês voador
virou uma página a mais em seu currículo:
foi o primeiro pára-quedista a saltar no Círculo Polar Ártico e,
em seguida, esquiar a mais de 150 quilômetros por hora
morro abaixo.
virou uma página a mais em seu currículo:
foi o primeiro pára-quedista a saltar no Círculo Polar Ártico e,
em seguida, esquiar a mais de 150 quilômetros por hora
morro abaixo.
Nada disso é para qualquer um.
Até o vôo trágico no Havaí, onde estava passando férias,
Patrick de Gayardon já havia feito mais de 10 700 saltos,
cerca de 3 500 para sky surf
e 150 B.A.S.E. jumps de pontes, edifícios, abismos e cascatas.
Sonhava um salto a 30 000 metros de altitude.
Patrick de Gayardon já havia feito mais de 10 700 saltos,
cerca de 3 500 para sky surf
e 150 B.A.S.E. jumps de pontes, edifícios, abismos e cascatas.
Sonhava um salto a 30 000 metros de altitude.
“Ele não falava da morte com medo”, lembra Gui Pádua,
com quem Patrick ganhou o Mundial de 1996, na Turquia.
com quem Patrick ganhou o Mundial de 1996, na Turquia.
“Achava que, se alguém morresse,
era porque tinha feito alguma coisa errada.”
Gui, de 23 anos, perdeu o amigo e também o ídolo.
era porque tinha feito alguma coisa errada.”
Gui, de 23 anos, perdeu o amigo e também o ídolo.
Foi assistindo a um vídeo da fera francesa
que tomou gosto pelo esporte e começou a saltar.
que tomou gosto pelo esporte e começou a saltar.
Há dois anos, surpreendeu-se quando recebeu um telefonema
em seu motorhome na Flórida.
em seu motorhome na Flórida.
Alma boa, dono de uma modéstia enorme e um inglês sofrível,
o Pelé do pára-quedismo
o convidava para competir ao lado dele.
o Pelé do pára-quedismo
o convidava para competir ao lado dele.
Nem pôde acreditar.
Viajaram e moraram juntos por quase um ano,
criando uma amizade de irmãos.
criando uma amizade de irmãos.
Tanto que Patrick estava de viagem marcada para o Brasil,
onde apareceria num filme que está sendo produzido pelo brasileiro.
onde apareceria num filme que está sendo produzido pelo brasileiro.
“Eu já revivi a morte do Patrick.
Ele devia estar a uns 180 quilômetros por hora”, lamenta Gui.
“Tenho certeza de que, antes de bater, pensou:
fiz merda e mereço morrer.”
fiz merda e mereço morrer.”
No pára-quedismo não se erra, e Patrick já havia aprendido a lição.
Em 1985, um colega saltara de um ultraleve e o francês
ficara incumbido de entregar-lhe o pára-quedas em pleno ar.
ficara incumbido de entregar-lhe o pára-quedas em pleno ar.
Fracassaram.
Se a morte não atormentava tanto o campeão,
seu maior rebento, o sky surf,
tinha se tornado fonte de grande frustração.
seu maior rebento, o sky surf,
tinha se tornado fonte de grande frustração.
“Os dois tipos de regras e competições de sky surf,
o Pro Tour e o FAI,
foram feitos por pessoas que nunca praticaram o esporte”,
reclamou, na entrevista a Gui Pádua.
o Pro Tour e o FAI,
foram feitos por pessoas que nunca praticaram o esporte”,
reclamou, na entrevista a Gui Pádua.
Em outubro de 1996, descontente com a valorização de aspectos
que julgava menos importantes,
abandonou o Pro Tour em sua primeira etapa
e foi exilar-se no Wing Suit,
o projeto do macacão que o faria voar.
que julgava menos importantes,
abandonou o Pro Tour em sua primeira etapa
e foi exilar-se no Wing Suit,
o projeto do macacão que o faria voar.
No final do ano passado, depois de muita leitura,
e de colher informações aqui e ali
sobre pilotos e aeronaves, o demolidor de marcas estava de volta.
e de colher informações aqui e ali
sobre pilotos e aeronaves, o demolidor de marcas estava de volta.
Nas Ilhas Guadalupe, Caribe, Patrick saltou de um Pilatus Porter.
Solto no ar, primeiro posicionou-se ao lado do avião.
Depois, segurou sua asa.
Então largou, passou por baixo do avião,
acenou para o piloto do outro lado.
acenou para o piloto do outro lado.
Por fim, tomou a trilha de volta, entrou de novo no aparelho
e sentiu uma alegria enorme como o sol que dá a força
ao Homem-Pássaro,
aquilo havia de recuperar-lhe a alegria.
e sentiu uma alegria enorme como o sol que dá a força
ao Homem-Pássaro,
aquilo havia de recuperar-lhe a alegria.
Pop star
Nem tinha mesmo lugar para tristeza.
Rico, mantinha casas na Flórida, em Tallard (França) e no Havaí.
Era bom de snowboard, golf, windsurf, tênis e squash.
Para completar, era bonito, tinha 1,88 metro e 84 quilos,
entendia de vinhos e sabia cozinhar receitas exclusivas.
entendia de vinhos e sabia cozinhar receitas exclusivas.
Para um cara assim não falta mulher nunca.
Com Patrick, solteiríssimo ainda por cima, não era diferente.
Na Itália, sede de sua equipe, Patrick era reconhecido
como um pop star.
como um pop star.
Dava autógrafos nas ruas, levava as fãs para jantar e algo mais,
e chegou a ser recebido pelo prefeito de Roma
no aeroporto da cidade.
e chegou a ser recebido pelo prefeito de Roma
no aeroporto da cidade.
Mas nunca fez disso seu estilo de vida.
Apesar de ter disputado o Mundial de 1996 com torcicolo,
por conta de uma viagem que insistira em fazer de motocicleta, cuidava-se:
havia largado a maconha havia cinco anos,
“estava ficando com a cabeça arejada demais”
e não se permitia engordar um quilinho que fosse.
por conta de uma viagem que insistira em fazer de motocicleta, cuidava-se:
havia largado a maconha havia cinco anos,
“estava ficando com a cabeça arejada demais”
e não se permitia engordar um quilinho que fosse.
Gostava da vida, e só se aborrecia de verdade
com os aparelhos eletrônicos
que nunca conseguiu dominar, o estudioso das novas tecnologias
do vôo jamais teve um e-mail.
com os aparelhos eletrônicos
que nunca conseguiu dominar, o estudioso das novas tecnologias
do vôo jamais teve um e-mail.
Porque não tinha mulher nem filhos, a única familiar era a avó,
que vive hoje num asilo em Lyon,
um cardeal de Roma disse que Patrick de Gayardon
morreu por falta de amor à vida, e que apenas “procurava o suicídio”.
que vive hoje num asilo em Lyon,
um cardeal de Roma disse que Patrick de Gayardon
morreu por falta de amor à vida, e que apenas “procurava o suicídio”.
Se fosse assim mesmo, a tão respeitada NASA
não estaria trabalhando na produção de uma espécie de balão
que levaria o francês a 30 000 metros de altura,
de onde realizaria o sonho de se lançar.
Patrick não compartilhava da ética do sacrifício.
não estaria trabalhando na produção de uma espécie de balão
que levaria o francês a 30 000 metros de altura,
de onde realizaria o sonho de se lançar.
Patrick não compartilhava da ética do sacrifício.
Pensando bem, dedicou a vida à melhoria da segurança dos outros,
na medida em que conheceu o limite do homem.
na medida em que conheceu o limite do homem.
Em seu testamento, deixou um pé-de-meia vitaminado
para entidades de combate ao câncer.
para entidades de combate ao câncer.
Com certeza Deve haver um paraíso especial
para este tipo de gente.
para este tipo de gente.
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