sexta-feira, 10 de abril de 2020

Os Pioneiros





No dia 20 de julho de 1919 nascia em Tuakau,

na Nova Zelândia, Auckland,
Sir Edmund Percival Hillary, o primeiro homem

a subir o Monte Everest.
É provavelmente um dos neozelandeses mais famosos,

respeitados e admirados mundo afora.
Tanto que hoje, ele tem seu rosto

estampado na nota de 5 dólares da Nova Zelândia.
Por sinal o único a ter o privilégio de ver isso em vida.

Ele e o guia sherpa Tenzing Norgay atingiram o cume

da montanha de 8.850 metros no dia 29 de maio de 1953.
O alpinista já havia tentado chegar ao topo do Everest em 1951.

Vale lembrar que na época em que Hillary realizou

alguns de seus maiores feitos (50-60 anos atrás),
não existiam Satélites, GPS e várias outras parafernalhas tecnológicas que de certa forma facilitam e muito a vida
de quem faz este tipo de atividade nos dias de hoje.

No Nepal além de conquistar o Everest, Sir Edmund Hillary também conquistou o coração dos locais,

sendo até mesmo condecorado como o primeiro cidadão honorário de origem ocidental do país.
E esse título, foi mais que merecido.
Afinal de contas, depois de conquistar o Mt. Everest,

Hillary devotou anos de sua vida e boa parte do dinheiro que conseguiu amealhar procurando melhorar as condições de vida
do povo Sherpa com a criação de escolas, hospitais,
pontes e afins para o povo nepalês.

Apesar de não estar mais entre nós, o espírito aventureiro

e destemido de Hillary deixou um legado marcante
que certamente inspirou e continua a inspirar novas gerações
de neozelandeses e pessoas de outras partes do mundo.






O Everest é o pico montanhoso mais elevado do mundo,
e está situado na cordilheira do Himalaya,
dentro do setor meridional da Ásia central
correspondente à fronteira entre o Nepal e o Tibet.
Segundo medição realizada pelo governo da Índia em 1954,
o cume do Everest está localizado a
8848 m de altitude.

Porém estudos mais recentes têm posto em dúvida

sobre este número, entre outros motivos,
sabe-se que a montanha eleva-se poucos milímetros
a cada ano graças a forças geológicas.
Assim sendo, em maio de 1999, um grupo de cientistas
e escaladores da National Geographic Society
que faziam parte da Expedição do Milênio,
constataram, com a ajuda de novas tecnologias
como o sistema de posicionamento global (GPS),
que o cume da montanha está localizado a
8850 m de altitude.

Em nepalês, o pico é chamado de Sagarmatha (rosto do céu),

e em tibetano Chomolangma ou Qomolangma (mãe do universo).

O monte Everest tem 2 rotas principais de ascensão,

pelo cume sudeste no Nepal e pelo cume nordeste no Tibete,
além de mais 13 outras rotas menos utilizadas.

Das 2 rotas principais a sudeste é a tecnicamente mais fácil

e a mais frequentemente utilizada.
Esta foi a rota utilizada por Edmund Hillary e Tenzing Norgay
em 1953.

A maioria das tentativas é feita entre abril e maio

antes do período das monções, porque nesta época do ano
reduz a velocidade média das rajadas de vento.
Ainda que algumas vezes sejam feitas tentativas após o período
da monções em setembro e outubro, o acúmulo de neve
causado pelas monções torna a escalada ainda mais difícil.


                                                                            John Hunt

A primeira ascensão até o topo foi feita pela expedição
anglo neozelandesa em 1953, dirigida por John Hunt.



O pico foi alcançado em 29 de Maio de 1953, por Edmund Hillary e Tenzing Norgay.



                                                                           Junko Tabei

Em 16 de Maio de 1975, Junko Tabei tornou-se a primeira mulher
a alcançar o topo do Everest.



                                                                Messner e Peter Habeler

A primeira ascensão sem oxigênio foi feita
por Reinhold Messner e Peter Habeler em 1978.



Reinhold Messner

Em 1980, Reinhold Messner efetua a primeira ascensão solitária.



                                                                   Erik Weihenmayer

Em 25 de Maio de 2001 Erik Weihenmayer
tornou-se o primeiro alpinista cego a atingir o topo.







                                                                          Richard Bass 

O primeiro aventureiro a conquistar todos os 7 maiores cumes,
foi o norte-americano Richard Bass em 1985,
era um empresário americano, fazendeiro e montanhista.
Ele era dono da Snowbird Ski Resort em Utah.
Juntamente com Frank Wells , único presidente
da The Walt Disney Company , Bass concebeu o desafio da aventura de escalar o maior cume de cada um dos sete continentes: Denali , América do Norte ; Aconcagua , South America ; Aconcagua , América do Sul ; Mt. Mt. Elbrus , Europe ; Elbrus , Europa ; Mount Kilimanjaro , Africa ; Monte Kilimanjaro , África ; Vinson Massif , Antarctica ; Maciço Vinson , Antártica ; Mount Kosciuszko , Australia ; Mount Kosciuszko , Austrália ; and Mt. Everest , Asia .
O livro de Jon Krakauer, Into Thin Air, opina que a ascensão

de Bass do Monte Everest puxou a montanha
para uma "era pós-moderna", onde as expedições comerciais guiadas tornaram-se grandes negócios e incentivaram os alpinistas com experiência limitada a pagar grandes somas para essas empresas para ascender ao Everest.


Everest



CURIOSIDADES

• Primeiro Brasileiro a escalar o Everest três vezes - Rodrigo Raineri, face sul (Nepal),
em 2008 e 2011 e 2013;
• Brasileiro mais jovem a escalar o Everest - Carlos Santalena, 24 anos;
• Brasileira mais jovem a escalar o Everest - Karina Oliani, 31 anos;
• Brasileiro mais velho a escalar o Everest - Manoel Morgado, 53 anos;
• Primeira brasileira a escalar o Everest - Ana Boscarioli, 2006;
• A escalada com a data mais precoce da temporada - 7 de maio de 2011,
com Carlos Santalena e Carlos Canellas;
• Os anos com mais brasileiros no cume do Everest: 3 brasileiros em 2006, 2011 e 2013;
• Everest verde e amarelo - dia 4 de maio de 2011, foi o dia em que apenas alpinistas brasileiros estiveram no cume, Carlos Santalena e Carlos Canellas;
• Primeira Expedição brasileira com sucesso ao cume do Everest - Rodrigo Raineri, 2008;
• Brasileiro que escalou as duas faces do Everest com sucesso, Niclevicz, em 1995
pela face norte (Tibet) e 2005 pela face sul (Nepal);
• Brasileiro que chegou ao cume do Everest sem auxílio de oxigênio suplementar - Vitor Negrete, 2006 - mas faleceu na descida;
• Tutor - No mesmo dia em que Vitor Negrete faceleu no Everest, Ana Boscarioli,
que havia sido sua aluna em escalada em gelo, chegou ao cume;
• Encontro - Em 2005, Vitor Negrete escalou pela face norte e encontrou, no cume,
Niclevicz e Irivan Burda, que haviam escalado pela face sul;
• Andarilho - Antes de escalar o Everest, Manoel Morgado já havia feito 40 vezes, como guia,
o trekking até o acampamento base do Everest;
• Água boa - Vitor Negrete, Rodrigo Raineri, Eduardo Keppke, Ana Boscarioli e Carlos Santalena moravam em Campinas na época do cume;
• A agencia - 60% dos que chegaram ao cume usaram os serviços da Grade6:
Negrete, Boscarioli, Raineri, Keppke, Santalena e Canellas;
• In Memorian - Vitor foi sepultado no C3 do Everest (face norte) a 8.300 metros de altitude.
O corpo de Mozart também ficou no Aconcágua;
• Muito prazer - Cleo Weidlich só ficou conhecida pelos brasileiros poucos antes de escalar o Everest. Ela mora nos Estados Unidos;
• Su casa, mi casa - Manoel Morgado é guia de montanha há mais de 20 anos,
por isso não tem residência fixa;
• Juntos - Quando faltavam 2 metros para chegar ao cume, Niclevicz esperou Mozart chegar,
os dois se abraçaram e chegaram juntos ao cume;
• Tradição - Na era da internet o Extremos foi o site a anunciar em 1ª mão todas as conquistas brasileiras no Everest;
• Em 19/05/2011 o Sr Tatsuo Matsumoto ,sócio do CEB no RJ também chegou ao cume do Everest completando o circuito dos 7 Cumes aos 71 anos;
• 2014, o ano com mais brasileiros ao Everest, 6: Carlos Santalena, Cid Ferrari, Roman Romancini, André Freitas, Fatima Williamson, Rosier Alexandre;
• 2014, apesar de 6 brasileiros que tentariam o cume, nenhum atravessou a Kumbu Icefall,
1ª parte da escalada, devido a avalanche que matou 16 sherpas;
• 2014, ano em que mais pessoas morreram no Everest, 17 sherpas e 1 montanhista.




Acho que esquecemos de colocar o primeiro brasileiro no Everest,
Michel Vincent ,ele sim foi o primeiro.
Michel Marie Vincent, filho de pais franceses,
nasceu no Município de Areal (Estado do Rio de Janeiro), em 3 de julho de 1949,
onde morou os primeiros anos de vida,
após os quais mudou-se com os parentes para a França em definitivo
(para a cidade de Touvers, na Provença, e depois para a Suíça).
O tempo, sempre ventoso, defletiu a equipe nas tentativas
dos dias 26 de setembro e 3 de outubro de 1992.
Mas no terceiro intento a montanha finalmente cedeu e Vincent,
escalando sozinho, subiu do acampamento IV (7.900m) ao cimo,
pisando no ponto culminante da Terra em 7 de outubro de 1992.



Este histórico foi dividido em dois.
Antes da conquista do Everest pelo Niclevicz e Catão em 1995, e após a conquista.




Hoje , até agências de excursões , levam candidatos ,
60 mil dólares por cabeça , até lá ,
como se pode ver no filme Evereste.

Ninguém sobe sozinho sem equipes de apoio e sem os Sherpas locais.
Acho que por consideração a todos tinham que colocar os nomes dos envolvidos.
Namastê!

Fonte: EXTREMOS - O MAIOR PORTAL DE AVENTURA DO BRASIL


"Waldemar Niclevicz. Sou eu que faço o meu caminho."


Foi o primeiro brasileiro a escalar o Everest,
ao lado de Mozart Catão no ano de 1995.
Em 1997 ele também concluiu o Projeto 7 cumes,
sendo o primeiro brasileiro a realizar este popular projeto.
Além destas escaladas mais conhecidas,
Niclevicz é o brasileiro que mais escalou montanhas de 8 mil metros,
e  já escalou mais de 30 montanhas com mais de 6 mil metros.

Salto da Estratosfera - Esporte Espetacular


Patrick de Gayardon - Tributo



Patrick de Gayardon1960-1998

No dia 13/04/1998  o pára-quedismo mundial

perdeu seu maior representante,
à exatamente 19 anos morreu o francês Patrick de Gayardon,
criador do wingsuit utilizado no paraquedismo nos dias atuais.
Além de excelente paraquedista e projetista de macacões
para o esporte,
foi um dos pioneiros e melhores praticantes de skysurf do mundo.
Até a NASA entrou em luto.
Muito mais do que um atleta aplicado,
Patrick era um cientista sério,
cujo tesão maior era servir de cobaia
às invenções saídas de sua mente.


Deve ter sido mais ou menos assim:
primeiro os exercícios físicos,
depois a preparação dos pára-quedas e do macacão alado,
uma espécie de indumentária batmaníaca
capaz de aumentar o tempo de queda livre e fazê-lo voar.
Em seguida, a decolagem, o salto, a vista de cima,
aquela vista que somente travestido
em homem-pássaro tinha tempo para reparar.
Dois minutos depois, levou a mão às costas e acionou o dispositivo
que abre o equipamento de pouso.
Nada.
Recorreu ao reserva, mas ele embolou no primeiro,
a essa altura aberto a meio pau.
Nos dois segundos em que viu a morte tomando a forma
de uma plantação de bananas que se aproximava,
sentiu raiva de si mesmo:
sem querer, tinha costurado o pára-quedas principal
num aerofólio que adaptara
a sua roupagem poucas horas antes.
Não viu mais nada: quando se chocou contra o solo,
estava a pelo menos 180 quilômetros por hora.
Agora que Patrick de Gayardon está morto,
é normal que tentem fazer dele um campeão do excesso.
Mas não vai dar para esquecer seus títulos, seus recordes,
e, sobretudo, a invenção que lhe deu fama: o sky surf.

Longe de ser um hippie da aventura ou maluco de pedra, o Pelé do pára-quedismo
tinha uma platéia vasta que via nele um pioneiro do mundo moderno.
Além de atleta aplicado, era um estudioso do ar, um técnico do vento
com uma quedinha pela exploração do limite humano.
Tímido e reservado, sentia repulsa pelo exibicionismo gratuito.
Morreu no Havaí, aos 38 anos como um cientista envenenado pelo experimento.

No sangue

Nascido em Oulins, na vizinhança de Lyon, na França,
Patrick guardava numa fotografia antiga a amostra da infância:
a mãe,
que perdera quando tinha apenas seis anos de idade,
metida num estranhíssimo macacão com asas
e pronta para saltar de um avião.
Tal como o filho, era amante do pára-quedismo,
possuía inclusive uma loja de artigos para o esporte
e dada a experimentalismos diversos na modalidade.
Criado pela avó, Patrick nunca soube muito dessa paixão
e menos ainda dos resultados daqueles saltos em traje a rigor.
Jurava, até, que a idéia de criar seu próprio macacão alado
tinha vindo de uma outra foto que alguém lhe mostrou em 1994.
Nela, uma espécie de pássaro
que vive nas florestas de Madagascar plainava no ar
auxiliado por membranas flexíveis
que uniam suas partes anteriores e posteriores.
Patrick se enfiou na mata, estudou o animal,
fez gráficos de seu vôo, analisou sua musculatura.
Dois anos depois, tinha o croqui
de uma coisa que lembrava peças do armário de Elvis.
Trocou os laboratórios pelas aulas práticas de corte e costura: experimentou linhas e tecidos,
tirou provas, fez ajustes.
Errou várias vezes.
Outras tantas jogou tudo no lixo e começou de novo.

Em outubro de 1996, testou a primeira versão
de seu modelo exclusivo,
com asas que se inflavam sob os braços e entre as pernas,
Patrick conseguia manter o pára-quedas fechado
por mais de dois minutos,
pelo menos o dobro do tempo de queda livre
em um salto convencional a 4 000 metros.
Até o final do ano passado,
já havia saltado quinhentas vezes usando a roupa.
Impressionava-se com tudo: pela primeira vez,
debruçava-se sobre o ar,
assistindo ao espetáculo da vista aérea de um ângulo diferente
daquele imposto pela queda vertical.
Sobretudo, encantava-se com os deslocamentos horizontais, trackings, no jargão internacional do pára-quedismo,
de até 7 quilômetros.
Em suma, estava voando como o Super-Homem.

Até os verdadeiros loucos do pára-quedismo
acham que Patrick Gayardon
tinha um parafuso a menos.
Mas não era bem assim.
A preparação física e os estudos técnicos
sempre marcaram suas atuações,
muito mais que as dos outros.
Não fosse isso, jamais quebraria um de seus recordes
mais celebrados,
o de altitude em saltos sem oxigênio.
Durante vários meses, fez corrida e ciclismo nas montanhas
todos os dias.
Pelas manhãs, pedalava uma bicicleta ergométrica
por duas horas seguidas.
Quando atingia os 160 batimentos cardíacos por minuto,
passava a respirar por um tubo de oxigênio
que simulava o ar rarefeito
que encontraria no alto.
Em novembro de 1995, 8 quilos mais magro
e vestindo uma roupa cuidadosamente desenvolvida
para a missão, Patrick saltou a mais de 12 700 metros.
O termômetro marcava 62 graus negativos
quando mergulhou no ar,
atingindo 360 quilômetros por hora,
precisava descer como uma bala
para que chegasse aos 8 000 metros,
onde já é possível respirar.
A 3 000 metros do chão, 2 000 antes do normal,
abriu o pára-quedas:
queria um tempo para pensar no quanto havia aprendido
a controlar o próprio medo
desde que se jogara de um avião pela primeira vez, em 1978.
Na ocasião, durante um treinamento do serviço militar francês,
no qual se alistara,
Patrick sentiu-se apavorado, caiu de mau jeito e torceu o pé.
Agora, acabava de pousar numa área a 120 quilômetros de Moscou, na Rússia,
e quem diria: tinha sido perfeito.

Nobre rebelde

Patrick era dono de um título raro: filho da realeza francesa,
era conde. Mas nem ligava.
Para ele, título mesmo era aquele conquistado no céu,
com o vento lambendo-lhe a cara.
Membro ilustre do Sector Sportwatches No Limits Team,
equipe italiana que reúne 22 atletas
dos principais esportes extremos,
foi três vezes campeão mundial de sky surf,
fora a dezena de conquistas regionais.
Nunca fez dinheiro com competições,
onde é mais fácil faltar recurso para saltar
do que sobrar algum para a festa.
Juntou, sim, um senhor pé-de-meia trabalhando como modelo
para comerciais ou vídeos
que exibiam sua técnica incomum.
Entre um e outro, apareceu em mais de trinta filmes.
Estrelou oito documentários para a televisão francesa
e quatorze para as redes americanas.
Uma vez foi alertado por um amigo de que contracenava
com o ator Andy Garcia
no longa “Herói por um Dia”.
Patrick correu até a locadora, pôs a fita para rodar e se viu,
numa passagem, fazendo as estripulias aéreas
que tinham sido filmadas em 1991
para publicidade da marca Reebok.
Chamou os advogados, acionou a empresa e, em pouco tempo,
embolsou 550 mil dólares, bacharel em Direito desde 1978,
nunca imaginou que a maior bolada de sua vida
seria ganha na Justiça.

“Fiz merda e mereço morrer”

Dono de uma conta corrente que, à imagem de seu sangue,
não saía do azul,
Patrick de Gayardon passou a vida realizando projetos pessoais.
Em 1989, ao ver um colega saltar do avião
com uma pequena prancha agarrada aos pés,
por pura diversão, entusiasmou-se.
“Quando pulei, vi que a melhor posição
para ficar em cima da prancha
não era com os pés lado a lado”,
explicou Patrick em sua última entrevista,
concedida quatro dias antes de morrer
ao amigo brasileiro Gui Pádua,
o cameraman mais requisitado pelo francês em seus saltos.
“Vi que o ideal era colocar um pé em frente ao outro.”
Assim, percebeu que poderia girar o corpo para trás
ou jogá-lo para a frente.
Substituiu a prancha por outra de snowboard,
esporte no qual mandava muitíssimo bem
e aperfeiçoou as manobras.
Acabava de criar o sky surf,
embora, naquele momento, ainda não tivesse a dimensão
do que significaria aquilo tudo.
“Eu tinha poucos objetivos fixados para o sky surf”,
confessou a Gui Pádua,
“mas tinha, sobretudo, a vontade de tentar algo
que não me parecia impossível
e com o qual eu pudesse me divertir e sobreviver.”

Tentar, divertir, sobreviver, essa era a ordem do dia
para Patrick desde que deixara o Exército.
Como que para exorcizar o trauma do primeiro salto,
aquele onde torceu o pé,
tornou-se um demolidor de recordes.
Apenas cinco anos depois de vestir um pára-quedas
pela segunda vez, em 1980,
jogou-se de um helicóptero
em direção ao Sótano de las Golondrinas,
uma enorme cratera de 376 metros de profundidade
na Sierra Madre ocidental mexicana.
Depois de acertar a embocadura oval do grande fosso,
foi o primeiro homem a pisar o fundo da caverna.
No começo de 1992, em companhia do atleta Frank Konrad,
fez um B.A.S.E. jump
da cascata mais alta do mundo, a de Salto Angel,
na selva amazônica da Venezuela, com 979 metros.
Mais incrível que a altura foi o fato de que, para conseguir sucesso,
tiveram de furar a queda dágua
e suportar a turbulência causada pelo fluxo torrencial.

Em outubro daquele ano, Patrick bateu pela primeira vez
o recorde de altitude
em saltos sem oxigênio, saltando de 11 690 metros,
marca que superaria em 1 000 metros três anos depois.
Em abril de 1994, o francês voador
virou uma página a mais em seu currículo:
foi o primeiro pára-quedista a saltar no Círculo Polar Ártico e,
em seguida, esquiar a mais de 150 quilômetros por hora
morro abaixo.
Nada disso é para qualquer um.

Até o vôo trágico no Havaí, onde estava passando férias,
Patrick de Gayardon já havia feito mais de 10 700 saltos,
cerca de 3 500 para sky surf 
e 150 B.A.S.E. jumps de pontes, edifícios, abismos e cascatas.
Sonhava um salto a 30 000 metros de altitude.
“Ele não falava da morte com medo”, lembra Gui Pádua,
com quem Patrick ganhou o Mundial de 1996, na Turquia.
“Achava que, se alguém morresse,
era porque tinha feito alguma coisa errada.”
Gui, de 23 anos, perdeu o amigo e também o ídolo.
Foi assistindo a um vídeo da fera francesa
que tomou gosto pelo esporte e começou a saltar.
Há dois anos, surpreendeu-se quando recebeu um telefonema
em seu motorhome na Flórida.
Alma boa, dono de uma modéstia enorme e um inglês sofrível,
o Pelé do pára-quedismo
o convidava para competir ao lado dele.
Nem pôde acreditar.
Viajaram e moraram juntos por quase um ano,
criando uma amizade de irmãos.
Tanto que Patrick estava de viagem marcada para o Brasil,
onde apareceria num filme que está sendo produzido pelo brasileiro.
“Eu já revivi a morte do Patrick.
Ele devia estar a uns 180 quilômetros por hora”, lamenta Gui.
“Tenho certeza de que, antes de bater, pensou:
fiz merda e mereço morrer.”
No pára-quedismo não se erra, e Patrick já havia aprendido a lição.
Em 1985, um colega saltara de um ultraleve e o francês
ficara incumbido de entregar-lhe o pára-quedas em pleno ar.
Fracassaram.

Se a morte não atormentava tanto o campeão,
seu maior rebento, o sky surf,
tinha se tornado fonte de grande frustração.
“Os dois tipos de regras e competições de sky surf,
o Pro Tour e o FAI,
foram feitos por pessoas que nunca praticaram o esporte”,
reclamou, na entrevista a Gui Pádua.
Em outubro de 1996, descontente com a valorização de aspectos
que julgava menos importantes,
abandonou o Pro Tour em sua primeira etapa
e foi exilar-se no Wing Suit,
o projeto do macacão que o faria voar.
No final do ano passado, depois de muita leitura,
e de colher informações aqui e ali
sobre pilotos e aeronaves, o demolidor de marcas estava de volta.
Nas Ilhas Guadalupe, Caribe, Patrick saltou de um Pilatus Porter.
Solto no ar, primeiro posicionou-se ao lado do avião.
Depois, segurou sua asa.
Então largou, passou por baixo do avião,
acenou para o piloto do outro lado.
Por fim, tomou a trilha de volta, entrou de novo no aparelho
e sentiu uma alegria enorme como o sol que dá a força
ao Homem-Pássaro,
aquilo havia de recuperar-lhe a alegria.

Pop star

Nem tinha mesmo lugar para tristeza.
Rico, mantinha casas na Flórida, em Tallard (França) e no Havaí.
Era bom de snowboard, golf, windsurf, tênis e squash.
Para completar, era bonito, tinha 1,88 metro e 84 quilos,
entendia de vinhos e sabia cozinhar receitas exclusivas.
Para um cara assim não falta mulher nunca.
Com Patrick, solteiríssimo ainda por cima, não era diferente.
Na Itália, sede de sua equipe, Patrick era reconhecido
como um pop star.
Dava autógrafos nas ruas, levava as fãs para jantar e algo mais,
e chegou a ser recebido pelo prefeito de Roma
no aeroporto da cidade.
Mas nunca fez disso seu estilo de vida.
Apesar de ter disputado o Mundial de 1996 com torcicolo,
por conta de uma viagem que insistira em fazer de motocicleta, cuidava-se:
havia largado a maconha havia cinco anos,
“estava ficando com a cabeça arejada demais”
e não se permitia engordar um quilinho que fosse.
Gostava da vida, e só se aborrecia de verdade
com os aparelhos eletrônicos
que nunca conseguiu dominar, o estudioso das novas tecnologias
do vôo jamais teve um e-mail.

Porque não tinha mulher nem filhos, a única familiar era a avó,
que vive hoje num asilo em Lyon,
um cardeal de Roma disse que Patrick de Gayardon
morreu por falta de amor à vida, e que apenas “procurava o suicídio”.
Se fosse assim mesmo, a tão respeitada NASA
não estaria trabalhando na produção de uma espécie de balão
que levaria o francês a 30 000 metros de altura,
de onde realizaria o sonho de se lançar.
Patrick não compartilhava da ética do sacrifício.
Pensando bem, dedicou a vida à melhoria da segurança dos outros,
na medida em que conheceu o limite do homem.
Em seu testamento, deixou um pé-de-meia vitaminado
para entidades de combate ao câncer.

Com certeza Deve haver um paraíso especial
para este tipo de gente.




Patrick de Gayardon - Lenda


Quem sou eu

Minha foto
São José dos Campos, São Paulo, Brazil
"Se não vives para servir, não serves para viver."