
Ricky Carmichael
O maior campeão do AMA Motocross e Supercross
de todos os tempos, apelidado de G.O.A.T.
(significa literalmente “cabra” em inglês,
e no caso de Carmichael é também a sigla para
“Maior de Todos os Tempos – Greatest Of All Times”),
é reconhecido por ter conquistado vitórias
com qualquer tipo de equipamento.
Foram 150 vitórias como profissional durante a carreira!
:: Números impressionantes
– 72 vitórias no AMA MX;
– 48 em “Main Events” ou “Finais” do AMA Supercross;
– 26 no AMA Motocross Lites;
– 12 em Main Events do AMA Supercross Lites (125).
Só isso já seria suficiente para tornar um piloto lendário,
mas um fato chama ainda mais atenção.
Ricky é o primeiro atleta na história do AMA Motocross
(James “Bubba” Stewart repetiu seu feito em 2008)
a completar uma temporada na categoria
mais difícil do esporte sem perder uma única vez.
Ele realizou esta façanha inacreditável
por três vezes – 2002, 2004 e 2005.
Poucas pessoas, em qualquer meio – seja nos esportes profissionais, nos negócios ou na vida pessoal – alcançaram este título:
O Maior de Todos os Tempos.
Ricky Carmichael, conseguiu.
Em 11 anos como profissional, Carmichael tornou-se o piloto
mais dominante da história do AMA Motocross.
Eleito “Calouro do Ano” em 1996, atingiu
sua primeira temporada completa em 1997,
quando se tornou campeão nas 125cc.
Desde então ele conquistou pelo menos um título
em cada temporada que competiu, e nunca deixou de defender
um título enquanto esteve apto a correr o ano inteiro
(uma lesão no joelho tirou ele de parte da temporada de 2004).
No total, Carmichael venceu impressionantes 15 campeonatos nacionais no MX e SX, três Motocross das Nações em equipe (ganhou quatro individualmente).
Natural de Tallahassee, Flórida, RC completa 34 anos
no dia 27 de novembro deste ano.
Atualmente, é comentarista de TV e promotor de eventos,
entre outras atividades.
Mais alguns fatos incríveis:
Carmichael triunfou por três construtores diferentes
– Kawasaki, Honda e Suzuki, respectivamente
– e seu domínio atravessa gerações.
Ele foi campeão com motores de dois-tempos,
com os quais ele aprendeu a pilotar,
e também com as motos de corrida de quatro-tempos,
nas quais ele precisou trabalhar um pouco mais
para desenvolver sua predominância.
Mesmo assim, para Carmichael a indicação
para o Hall da Fama do AMA é um grande divisor de águas
em termos de carreira e legado.
– Definitivamente é especial – diz.
– Quando você pensa nos grandes nomes
que correram com motocicletas na história,
e em todos os grandes pilotos que correm hoje em dia,
é muito legal fazer parte disso tudo – analisa.
Ricky foi eleito o Atleta do Ano pelo AMA Pro Racing
cinco vezes: 2001, 2002, 2004, 2005, 2006.
E, apesar de ele ser um competidor feroz nas pistas,
fora delas era humilde e tranquilo, preferindo que sua pilotagem
e resultados falassem por ele.
Sua atitude e ética de trabalho conquistavam os fãs,
tanto dentro quanto fora dos boxes.
– Tive a felicidade de me cercar de grandes pessoas,
tanto na Kawasaki quanto na Honda e na Suzuki – afirma.
– Todos me proporcionaram a chance de me sair bem.
A indicação para o Hall da Fama é para estas pessoas.
Elas me deram a oportunidade.
De verdade, é uma celebração para elas.
Carmichael coroou sua grande carreira
com uma vitória nos X Games
e outra vitória com o time americano no Motocross das Nações,
em Budds Creek, Maryland.
Foi sua última corrida.
Depois disso Ricky se aposentou das competições em duas rodas
e se aventurou em corridas de carro (estilo Nascar e Stock Car).
Quando foi indicado ao Hall da Fama, neste ano,
ele estava dirigindo uma equipe de sucesso no AMA MX e SX, além de ensinar jovens pilotos em sua escola de corrida.
Como ele diz, a vida está ótima.
– Gosto de como as coisas estão agora.
Posso ter me aposentado das corridas,
mas continuo bastante ativo como dono de equipe
e representante do esporte em geral.
Estou tentando ajudar o esporte a ficar melhor e maior
para quem está vindo por aí – explica.
– Sinto-me bem porque posso fazer as coisas que eu quero fazer,
e não as que eu não quero.
E essa é uma ótima posição para estar.
Stefan Everts
Falar de Motocross das Nações é colocar em pauta
uma velha discussão:
Estados Unidos contra o “Resto do Mundo”.
Ele já passou por nomes como Gary Jones e Bob Hannah versus Roger De Coster e Heikki Mikolla no anos 1970,
ou sobre David Bailey e Johnny O’Mara versus Eric Geboers e Harry Everts nos anos 1980,
depois por Jeremy McGrath e Jeff Emig versus Joel Smets e Stefan Everts, só para citar alguns exemplos.
Mas é nos anos 2000 que o motocross viveu
o encontro das duas maiores lendas do esporte:
Ricky Carmichael e Stefan Everts.
O primeiro ganhou dez vezes CONSECUTIVAS o AMA Motocross (1997, 98 e 99 na 125cc e o restante até 2006
nas “big bikes”).
E o segundo ganhou o Mundial de Motocross dez vezes, sendo 1991 na 125cc, depois 1995, 96 e 97 na 250cc e em 2001, 2002 na 500cc e posteriormente, em 2003, 2004, 2005, 2006 na MX1.
É só olhar para os anos e perceber que ambos viveram seu auge no início dos anos 2000.
Em 2003, que é onde queremos chegar com este assunto,
os dois estavam andando na mesma classe.
Naquele ano, Everts completou 31 anos e Carmichael fez 24.
Porque foi nele que Carmichael e Everts se enfrentaram
nas mesmas condições no MX das Nações.
Era o “tira-teima” perfeito na discussão “quem anda mais,
os americanos ou os campeões mundiais?”
Se Carmichael levava vantagem na idade,
Everts tinha a seu favor o fato de que corria em casa.
Aquele Nações aconteceu na Bélgica, na pista de Zolder,
e a torcida era toda para o campeão mundial.
Carmichael corria de Honda 250cc 2T e Everts de Yamaha 450 4T.
O vídeo abaixo mostra a última corrida do dia
naquele MXoN 2003.
É a bateria principal, aquela que mistura pilotos
das classes MX1 e Open.
Nela estão Everts e Carmichael medindo
quem era o melhor da época.
O belga – número #4 – larga na frente,
enquanto Carmichael – número #85
– sai mais ou menos em décimo lugar.
Em poucas voltas, o americano já é o quarto,
tendo pela frente o neozelandês Josh Coppings
e os belgas Joel Smets e Everts.
Ele passa Coppings como se fosse ninguém,
mas a distância até Everts é muito grande (mais de 6seg).
Porém, Carmichael estava girando
as voltas mais de 2seg mais rápido que Everts.
A partir dos 14min de vídeo,
Carmichael aparece na mesma tela que Everts.
Se inicia ali a disputa pela primeira posição.
Enquanto Everts desfila seu estilo
“polido” de pilotagem, Carmichael parece se agarrar
à moto sem dar trégua ao acelerador.
A distância diminui a cada curva.
O mecânico de Everts pede para ele relaxar
(e tem como relaxar numa situação dessas?).
Aos 17min de vídeo (cerca de 15min de corrida)
você verá Carmichael ultrapassar Everts
sem fazer muita força.
O belga ainda tenta o troco,
mas o americano dispara na frente e chega a abrir
mais de 10seg de vantagem.
No final, a Bélgica de Everts, que ainda contava
com Joel Smets e Steve Ramon,
comemora a conquista do troféu do MX das Nações,
enquanto os EUA de Carmichael, Tim Ferry e Ryan Hughes
se contenta com o vice-campeonato.
Há quem alegue que Everts teria tirado a mão
apenas pensando em garantir o título do Nações
para a Bélgica, sem se importar com a disputa individual
contra Carmichael.
Mas, qual piloto não gostaria de provar que é o melhor?
E, ainda, Everts não tinha como controlar o desempenho
de seus companheiros de time, e muito menos dos outros
norte-americanos, que poderiam conquistar melhores
posições e roubar o título do MXoN.
Mesmo que seja uma corrida de times, é uma corrida individual.
Não tenho controle sobre meus companheiros de time.
Por mim foi importante para mostrar
pra todo mundo que eu sou o melhor.
Stefan é um piloto muito, muito bom.
Me diverti muito hoje correndo contra Stefan.
Estou feliz, ganhei a corrida.
Gostaria de ter vencido o MX das Nações, ganhei a bateria,
dei meu melhor mas não tenho controle sobre meus companheiros
– disse Carmichael após a entrevista*.
Enfim, assista ao vídeo e tire suas próprias conclusões.
Vamos analisar também as diferenças entre os campeonatos
de motocross da AMA e da Youthstream:
No AMA são "apenas" 12 etapas.
E atualmente essas 12 etapas são eventos de apenas um dia.
O evento de um dia torna tudo muito corrido.
O cronograma de um piloto é o seguinte:
primeiro treino de 15 minutos (5 min livre/10 min cronometrados),
segundo treino de 15 min cronometrados.
E só!
Os classificados vão direto para as duas baterias de corridas com 30 minutos + 1 volta.
No Mundial de Motocross foram 18 etapas
e, apesar de alguns problemas políticos,
o campeonato está crescendo para 20 etapas no ano que vem.
Em dois dias os pilotos têm primeiro treino livre (30 minutos);
segundo treino pré-qualificatório (30 minutos); corrida classificatória (25 min + 2 voltas).
No dia da corrida: warm-Up (15 minutos); mais duas baterias de 35 minutos + 2 Voltas.
Repararam como os pilotos do Mundial
fazem muito mais tempo de pista em cada etapa?
Outro fato que se comentou muito é a diferença
na preparação das pistas nos dois campeonatos.
Nos Estados Unidos a manutenção da pista
é mais frequente entre as baterias.
No Mundial a tradição manda a pista ficar intocada
a partir do momento que inicia-se a etapa.
Os únicos lugares "amaciados" são a reta de largada e a primeira curva
para equilibrar as chances iniciais dos competidores.
Além dessas diferenças, a turma do Mundial roda o globo
pilotando em maior diversidade de terrenos, climas, topografia, latitudes...
Lembram a areia de Lommel?
Os norte-americanos também não tinham visto nada parecido.
O segundo colocado é o primeiro perdedor
Na mentalidade ultracompetitiva dos Estados Unidos
esse ditado é uma realidade.
Não só no Motocross, mas em todos os esportes valorizados por lá.
Esportes em que eles não apitam uma paçoca, como futebol e Fórmula 1,
são invisíveis por lá, como se não existissem.
O fato é: a equipe norte-americana sai de casa com a obrigação de ganhar,
mas nem sempre conta com a dedicação necessária para ganhar,
talvez herança dos tempos que venciam com as mãos nas costas.
O Nações é apenas mais uma prova
no extenso calendário dos pilotos selecionados.
Pois é, e o Brasil?
Bom, só podemos agradecer a Hector Assunção, Rafael Faria
e Anderson Cidade por nos representarem.
Agradecer também à equipe Geração Yamaha
e ao chefe de equipe Cacau Hermano que operacionalizaram
toda a estrutura para a participação Brasileira.
Precisamos pensar em nosso futuro na modalidade agora.
Dirigentes, equipes e pilotos precisam estabelecer
critérios claros e compromissos logo no início das temporadas.
Temos mais três anos para preparar e (pelo menos)
tentar enviar nossa melhor equipe.
Um dia ainda quero ver o Brasil brigando, não para classificar,
mas por um lugar no pódio.
Em 2017 o Motocross das Nações será aqui em nosso quintal.
Volto a repetir: precisamos estabelecer os critérios e compromissos
o mais breve possível, evitando conflitos que impeçam a formação de um time
com nossos melhores pilotos.
Até hoje nunca conseguimos levar um time misto ao Nações.
Observem os 20 países que disputaram o evento final desta edição.
Todos, sem exceção, contaram com atletas competindo
com motocicletas de marcas diferentes e isso não foi um problema.
Aqui também deve e pode ser assim, porque não?
A equipe brasileira deve em primeiro lugar representar o País,
não apenas uma marca.
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