Se há duas décadas o jiu-jítsu dominava o mundo da luta,
hoje quem tem este papel é o wrestling.
O ano era 1993.
No mês de novembro, Royce Gracie chocava o planeta e apresentava aos fãs de luta o jiu-jítsu, uma arte marcial que possibilitava um lutador pequeno e magro vencer adversários muito mais fortes em combates de vale tudo.
Com a criação do UFC, a família Gracie provava ao mundo da luta que, isoladamente, o jiu-jítsu era a arte marcial mais eficiente.
O tempo passou, academias de jiu-jítsu abriram ao redor do mundo, o vale tudo virou MMA e a hegemonia brasileira foi lentamente acabando.
Se em 2012 o Brasil possuía quatro campeões no UFC, atualmente temos apenas dois
(Amanda Nunes, campeã peso galo,
e Cris Cyborg, peso pena ).
(Amanda Nunes, campeã peso galo,
e Cris Cyborg, peso pena ).
Se há duas décadas o jiu-jítsu dominava
o mundo da luta, hoje quem tem este papel
é o wrestling.
o mundo da luta, hoje quem tem este papel
é o wrestling.
O motivo da superioridade atual do wrestling em relação ao jiu-jítsu no MMA não é um problema que surgiu nos últimos cinco anos, sequer nos últimos dez.
O problema é estrutural e muito mais antigo do que podemos imaginar.
Tudo começou no ano de 708 a.C., quando a luta livre
foi adicionada aos Jogos Olímpicos da Antiguidade.
foi adicionada aos Jogos Olímpicos da Antiguidade.
A modalidade já existia há muito mais tempo,
mas a competição passou a ser estimulada
e se tornar campeão olímpico virou algo desejável por atletas
em todo o planeta.
mas a competição passou a ser estimulada
e se tornar campeão olímpico virou algo desejável por atletas
em todo o planeta.
Com isso, os wrestlers passaram a treinar desde crianças
e o incentivo para o desenvolvimento dos atletas
passou a vir do Estado.
e o incentivo para o desenvolvimento dos atletas
passou a vir do Estado.
Nos dias atuais, programas internacionais formam atletas de wrestling em vários países.
Desde cedo eles recebem todo o apoio necessário para somente pensar na rotina do esporte.
A lógica é simples: quanto mais atletas disputam um esporte, maior é a competitividade, o nível atlético e,
por consequência, a evolução do esporte.
Quando observa-se os campeões mundiais e olímpicos de wrestling, nota-se que todos são atletas completos.
por consequência, a evolução do esporte.
Quando observa-se os campeões mundiais e olímpicos de wrestling, nota-se que todos são atletas completos.
O nível da competição é muito alto e todos têm elevados índices de profissionalismo.
A diferença entre o campeão e os demais
em muitos casos é uma questão de detalhe.
em muitos casos é uma questão de detalhe.
No Brasil, os atletas começam como amadores,
sem estrutura de treinamentos, alimentação e,
na maior parte das vezes, precisam
de outro emprego para se sustentar.
sem estrutura de treinamentos, alimentação e,
na maior parte das vezes, precisam
de outro emprego para se sustentar.
Enquanto um atleta de wrestling inicia sua rotina de treinamento aos 5 ou 6 anos de idade, os atletas brasileiros normalmente começam a treinar jiu-jítsu na adolescência para praticar um esporte, sem enxergar a atividade como um meio de vida, ou até mesmo para fugir das ruas e das ofertas do mundo do crime.
Esta diferença de visão e enfoque no início da carreira,
onde se aprendem os fundamentos da luta,
tem feito sido o fiel da balança.
onde se aprendem os fundamentos da luta,
tem feito sido o fiel da balança.
Outra situação que ocorre com a arte suave
é o desenvolvimento do jiu-jítsu esportivo,
com foco na competição, deixando as raízes da arte marcial de lado.
é o desenvolvimento do jiu-jítsu esportivo,
com foco na competição, deixando as raízes da arte marcial de lado.
O sistema de vitórias por pontos faz com que as finalizações deixem de ser o objetivo único e que outros estilos de jogo sejam explorados.
E isso faz uma grande diferença num esporte como o MMA.
O wrestling também trabalha com sistema de pontos,
é verdade, mas o wrestler, quando migra para o MMA,
sabe que as lutas começam em pé e que ele terá a vantagem de derrubar e não ser derrubado, ou seja, escolherá onde a luta vai transcorrer, visto que as quedas são fundamentais em sua modalidade de origem.
Já o atleta de jiu-jítsu, que muitas vezes se acostumou
a puxar para a guarda,
viu suas habilidades de queda minguarem.
é verdade, mas o wrestler, quando migra para o MMA,
sabe que as lutas começam em pé e que ele terá a vantagem de derrubar e não ser derrubado, ou seja, escolherá onde a luta vai transcorrer, visto que as quedas são fundamentais em sua modalidade de origem.
Já o atleta de jiu-jítsu, que muitas vezes se acostumou
a puxar para a guarda,
viu suas habilidades de queda minguarem.
Ele acumularia pontos por uma passagem de guarda
numa competição de jiu-jítsu,
mas ganha muito pouco pelo mesmo feito no MMA
– isso quando o juiz sabe pontuar corretamente.
Por outro lado, numa luta equilibrada, uma queda
pode decidir um round e até mesmo uma luta.
numa competição de jiu-jítsu,
mas ganha muito pouco pelo mesmo feito no MMA
– isso quando o juiz sabe pontuar corretamente.
Por outro lado, numa luta equilibrada, uma queda
pode decidir um round e até mesmo uma luta.
É muito importante que essas questões sejam revistas pelas academias brasileiras, principalmente porque
a cada dia que se passa, mais o MMA evolui
e a diferença entre o amadorismo e o profissionalismo aumenta.
a cada dia que se passa, mais o MMA evolui
e a diferença entre o amadorismo e o profissionalismo aumenta.
Hoje, o atleta brasileiro se destaca principalmente em virtude do talento natural e o atleta do exterior pelo suor; entretanto, o cenário atual tem nos mostrado qual das duas virtudes leva vantagem no mundo dos esportes de alto rendimento.
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